“ Seja bem vindo(a) “

Espero que estejam gostando da saga desse corajoso jovem.

Me perguntaram ontem se eu podia falar o final da historia, e lhes digo: “Não sei nem o que vai ser do MEU dia amanhã!”. Por isso, meu foco principal, alem de manter um bom enredo, é lhes dar a vantagem de ler algo que é dinâmico de certa forma. Pois a historia segue um rumo, que pode ser alterado a qualquer momento, dependendo da minha imaginação munida de meu Humor. É inconstante dessa forma, porem, vejo que está dando bons resultados. Peço a todos, que assim que lerem o capitulo do dia, postem um comentário, nem que seja "oi". Pode parecer banal, mais é o que me motiva mais e mais estar aqui escrevendo esta historia para vocês.



ps: Estou me Baseando no Filme "I am Legend" Para poder criar O CLIMA dessa historia, então seria uma boa dica assistir o filme, para aqueles que querem entender melhor como é estar sozinho no mundo!


Obrigado

[ INDICE ]

Para melhorar a Organização deste Blog, aqui vai um Indice dos Capitulos ja postados.

[ Diario de um Sobrevivente ]

1º Temporada

[ Capitulo 1. ][ Capitulo 2. ][ Capitulo 3. ][ Capitulo 4. ]
[
Capitulo 5. ][ Capitulo 6. ][ Capitulo 7. ][ Capitulo 8. ]
[ Capitulo 9.
][ Capitulo 10. ][ Capitulo 11. ][ Capitulo 12. ]
[ Capitulo 13. ][ Capitulo 14. ][ Capitulo 15. ]||

2º Temporada

[ Capitulo 16 ]|



Me perguntaram com quantos capitulos eu iria finalizar.
eu respondi:
" Já não sei mais.. quantos minha imaginação conseguir produzir! "

Afinal, o que seria desse Blog, sem vocês?!
Obrigado, a todos.

========================================

ACABARAM AS FERIAS... Graças a Deus! ;)

E voltamos com força total na 2º Temporada
Aproveitem! e Obrigado pela Paciencia!


sexta-feira, 27 de junho de 2008

[ 31 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 14”

Fazem 2 dias, que acredito em Deus!
Pronto! nada melhor, que vencer um habito com outro...



Para minha surpresa, esta noite eu consegui dormir, ontem logo que eu fechei este diário, parou de chover, sorte minha. Não posso deixar de falar, que durante a noite, escutei barulhos estralhos, parecidos com buzinas, incessantes. Algo me dizia que era os navios partindo, por outro lado, poderia ser apenas minha imaginação trabalhando.

De manhã, ao acordar, peguei meu rifle, como é de costume e antes de me levantar daquele chão, percebi a estranha presença de algo ali naquela construção. Mesmo com toda minha coragem agora, não posso negar, que o sol das 9 da manhã, entrando pelas pequenas frestas no telhado, tornavam aquele local muito sombrio. Mesmo assim, lentamente pequei minhas coisas no chão, e sai de lá. Mesmo que tivesse algo, eu não queria ver. Poderia ser um sobrevivente, porem, poderia ser aquele velho novamente me testando.

A melhor coisa agora, é evitar situações.

Caminhei. Pouco mais a frente daquele local, havia uma ponte, estaiada, muito bonita que, para minha surpresa, resistiu ao tempo, Estava em perfeito estado.

E para começar meu dia de aventura e insanidade, embaixo dela, havia uma latinha de milho, com restos. Porem, não me lembro de ter visto fogueira lá, pelo contrario, não havia nada, só aquela latinha no meio da estrada.

Felizmente não me assustei, na verdade dei risada, por ser um sinal que eu estava no caminho certo! Me senti orgulhoso de mim mesmo, sem motivo. Peguei aquela latinha, e depois de um ligeiro beijo, a guardei em minha mochila, não sei o porque, mais queria ter provas de que eu não estava louco.

Como eu tinha previsto, hoje cheguei nas mediações da cidade, ou parte dela, não sei. Era um local, pequeno para ser santos, deveria ser um bairro, a muito tempo atrás, agora era apenas um imenso mangue raso, envolvendo construções e carros... uma sena um tanto normal, se não fosse o que me aconteceu depois. A estrada continuava, por uma grande ponte, porem mesmo assim decidi entrar nesse bairro, para ver se achava comida. Mais eu sei, que o realmente procurava, era por alguem, só não queria deixar tão obvio.

Depois de algumas horas caminhando, achei rastros de pegada entre a lama, colocando meu pé dentro do rastro, constatei que era uma pegada Humana, pouco menor que a minha, mais era humana! E assim, tomado pela imprudência, abaixei meu rifle, e comecei a andar em passos largos, seguindo aquele rastro.

E para minha grande surpresa, após virar a esquina, que tinha um velho bar, avistei a mais ou menos uns 50 metros de mim, o humano que eu estava seguindo. Ele andava devagar, cambaleando, fiquei observando por poucos instantes antes de chamar sua atenção, que para meu desespero, foi meu pior erro naquele momento. Era um infectado.

E pelo jeito que ele veio correndo ao meu encontro, acho que ele estava literalmente morrendo de fome. Após gritar um mega palavrão de susto, eu corri o mais rápido que eu pude! E ainda para dificultar minha situação, aquele mangue raso só me atrapalhava, pois alem de escorregar alguns passos, outros ficavam atolados, até que certa hora, quando o infectado já estava bem próximo de mim, fiquei agoniado, e o sangue me sobio para a cabeça. Em um movimento que eu mesmo fico surpreso de ter feito, pulei para cima do capô de um carro, e antes de escorregar ali, consegui chutar a cabeça do infectado que já havia agarrado minhas pernas. A força foi tanta, que alem de eu machucar meu pé, consegui ouvir claramente o barulho de seu pescoço quebrando.

O bicho caio, ali na lama, e eu cai também, por sima dele. É nojento, sua pele é gelatinosa e gelada, foi o meu primeiro contato com um infectado, e não foi algo que eu gostaria de lembrar, pelo menos ele estava morto. Infelizmente, o pouco sangue que jorrou daquele mostro, em um tom preto, sujou minha camiseta. Tive que tira-la, jogar-la fora. Era isso, ou virar um suculento e fresco pedaço de humano, ambulante.

Depois de me diagnosticar que aquele sangue não veio me infectar, continuei minha caminhada, rumo a estrada. Para minha infelicidade, o sol apareceu! Agora, alem de sujo e sem camiseta, eu estava mancando, andando em um ritmo bem lento, debaixo daquele sol de rachar!

Voltei a estrada. Depois de chegar ao seu ponto mais alto, o horizonte me mostrava agora com mais clareza, a cidade, o mar, a vegetação, tudo misturado, em uma leve harmonia, um grande contraste! Antes que eu continuasse aquela jornada, a poucos metros de mim, apareceu um cachorro. Ele saio do nada, ficou me olhando, antes que eu me desse conta, eu já estava mirando no bicho! Lentamente ele veio até mim, nessa etapa, eu já estava tão nervoso, que tremia tanto que sabia que se atirasse, era capaz de me acertar.

Mais uma vez, para minha surpresa, o bichinho, que agora eu chamo de Ogro, não estava infectado, depois de um longo tempo me cheirando, ele sentou, e começou a abanar o rabo. Como se eu fosse seu dono, ou algo parecido. Foi meu alivio, ao mesmo tempo, foi o ponto critico. Eu estava tão atordoado com os fatos de hoje, que na hora que o cachorro se mostrou dócil, depois de um momento são sinistro e tenso, eu me mijei todo. mesmo mijado, sem camisa, e com o pé doendo, minha alegria foi maior quando comecei a andar, e aquele cachorro foi me seguindo, me guiando pela estrada.

Enquanto escrevo, o Ogro dorme, e o pior é que ele ronca, pode ser que ele esteja com tanta fome, que enquanto dorme sonha com um oásis de carne fresca, chamando pelo seu nome. Gosto de imaginar que ele sonha, já que eu não consigo ultimamente.

Pelo menos, não posso reclamar mais, pois não estou só. Mesmo que seja um cachorro, é um animal, igual a mim. Passarei a noite, dentro de um pequeno sobrado, tranquei a porta que dá acesso a parte superior da casa, só assim eu e o ogro poderemos dormir tranqüilamente, ao lado da fogueira. Já consigo sentir o cheiro do mar.


Enfim, sigo rumo ao mar, estou perdido na cidade, tudo que me guia, é o Ogro.
O que me mantem? Minha fé...

terça-feira, 24 de junho de 2008

[ 30 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 13”

Hoje não vou começar, escrevendo o tempo que não vejo nenhum sobrevivente.
Isso já não importa mais para mim.



Preciso me livrar de velhos hábitos, para tentar melhorar minha singela vida neste planeta abandonado.





Hoje, acordei disposto a fazer muitas e muitas coisas, caminhar por exemplo.
Logo pela manha, assustado com os primeiros raios de sol, logo levantei atento, peguei meu rifle, e procurei pelo perigo eminente. Nada. Era apenas um modo de me certificar que eu estava vivo, e que a partir dali, eu assumiria as conseqüências por mim mesmo. Como se algo tivesse me guardado a noite, e foi mesmo, esta noite, dormi bem em frente a saída do 3º túnel.

Aquela grande boca, já não me colocava mais tanto medo.
Abusando de minha sorte e de minha nova proteção, entrei novamente no túnel, andei mais ou menos uns 2 metros, e gritei, feliz da viva: “Estou vivo!“. Não sei o porque fazia isso de fato, só sei que eu queria mostrar para a morte, que agora eu tinha um novo amigo. Na terceira vez que eu gritei, ao invés de conseguir ouvir meu eco dentro daquela profunda garganta, algo lá do fundo me retrucou, com uma voz baixa e monstruosa: “Não por muito tempo!”.

Eu não me agüentei naquele lugar, minha cara de felicidade havia se transformado, meus olhos arregalados condenavam meu medo. Corri o mais que pude, nem olhei para trás, cagão! Realmente, abusei da minha sorte agora.
Porem, não nego, que corri com um singelo e irônico sorriso.

Cansei, e continuei a caminhar. agora, era visível a cidade ao fundo, eu não sei ao certo, se isso tudo é santos, mais estou perto. A estrada se tornou uma grande ponte, olhando para baixo, contemplei um lindo rio, que deveria estar a mais de 30 metros abaixo dos meus pés, naquela ponte, ou até mais que isso.



Ainda admirado com a bela paisagem, continuei a caminhar.
Cheguei a um lugar, que a estrada se dividia e varias, provavelmente, tinha chegado ao ponto onde a estrada se dividia para ir para as outras cidades da baixada. Ou seja, finalmente cheguei.

Agora era visível a linda imagem das cidades a beira do mar, que já as tomavam, a praia de antes, já não era a mesma, agora a praia se tornara as avenidas e ruas, por causa do avanço do mar dentro da cidade. Mais ainda os prédios estavam lá, como grandes arvores de concreto que surgiam das aguas. Antes de seguir algum dos caminhos, tratei de procurar algumas placas para me orientar direito, porem, não achei nenhuma, pelo menos nenhuma visível.

Eu sentei na estrada, e sem saber o que fazer, comecei a meditar nas coisas.
Percebi. Que os sobreviventes lá de cima, estavam descendo para a baixada, mais pela minha ignorância, e falta de visão, achei que era para santos. Porem agora vejo que o leque de escolhas é muito vasto, e não existe apenas santos agora. É é uma selva de prédios e casas, sem nomes, alguns tomados pelo nível das aguas, outros tomados pela vegetação local.. mais não importa mais, o importante é chegar no local certo, e rápido!

Me levantei, e continuei a caminhar por aquela mesma estrada, que seguia em direção ao mar. Usei a logica, apesar de estar de mau dela. Se eles estavam vindo logo para a baixada, é porque a evacuação estava acontecendo por navios, logo, no mar. Essa era a resposta, o mar!

Caminhei durante horas, já não estava calor, o clima nublado era predominante nessa área. As vezes, durante a caminhada, tomei alguma chuva de leve, normal. Porem, assim vou prejudicar a minha saúde, não posso ficar doente agora. Finalmente, antes que o céu se fechasse novamente, encontrei algo que parece ser um restaurante, a um grande letreiro, escrito “Frango assado”, porem, de frango ali dentro não encontrei nada. Para minha surpresa, havia uma enorme capivara, eu acho.

Não exitei. Ela virou minha janta. Acendi uma fogueira, a qual alem de esquentar a carne da pobre capivara, esquenta a minha carne, da intensa chuva lá fora. Pingos grossos, que fazem um barulho ensurdecedor. Acho que está noite eu não vou dormir.

Amanhã, pelas minhas contas, estarei entrando nos perímetros urbanos, seja qual cidade for, o importante é chegar na praia. Mesmo assim, não posso negar que a ansiedade agora me toma cada vez mais, não sei o que vou encontrar, não sei o que vai ser amanha.. pode ser que tudo isso que eu passei tenha sido em vão, pode ser que não exista salvação...
enfim. Amanha pensarei nisso. Tudo que posso fazer agora, e agradecer a Deus, que agora eu acredito, por mais um dia de vida nesta terra, que assim, eu possa chegar no meu destino, sei que tenho um, senão, não teria chegado tão distante.

Mesmo querendo me livrar de velhos hábitos, não posso deixar de apontar aqui, a minha direção, mesmo não sabendo.

Seja lá que for que estiver lendo agora este diário, que fique bem claro que eu não sei para onde estou indo, só sei que sigo esta estrada, rumo ao mar.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

[ 29 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 12”

Fazem 9 meses e 28 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.


Para minha própria alegria, e para alegria deste podre diário, Estou vivo!






Eu não achei que seria tão difícil assim, mais o que eu pensava que era apenas 1 teste, se revelou 3 testes, pois eram 3 tuneis enormes.


No primeiro, entrei ainda pelo dia, a luz se estendia até nos 10 primeiros metros, depois, a escuridão total ia dominando tudo. A sensação era de estar sendo engolido pela serra, ou de estar indo de encontro a morte. Enquanto meu coração batia ininterruptamente, minha imaginação começou a trabalhar. Depois de alguns minutos caminhando, encostei minha mão na parede, e me deixei guiar pelas curvas do túnel.

Durante alguns minutos, eu permaneci caminhando de olhos fechados. Porem, foi inevitável abri-los. Meu erro. Nesta hora, percebi que ao meu lado, o velho de terno branco caminhava também. Com as mãos para trás, estava pouca coisa a minha frente. Eu não sabia se ele estava me guiando, só sei que caminhava ao mesmo sentido que eu. O estranho, é que naquela escuridão, eu conseguia ver ele, pois ele resplandecia.

Comecei, na minha pouca ignorância, a conversar com ele. Porem, ele não me respondeu nenhuma palavra. Só me lembro, que no final do 1º túnel, já com a luz aparecendo no seu final, ele parou de andar. Ficou para trás. Novamente eu me virei para ver ele, e falar algo, foi ai que as coisas começaram ficar feias, ele lentamente começou a se transformar em um infectado, foi aumentando seu passo. Quando dei por mim, já estávamos correndo.

Quando o 1º túnel acabou, e a luz do sol apareceu, ele parou de andar, e permaneceu na escuridão. Eu o encarei, e gritei: “ Agora sei quem você é!”. agora eu sabia. Não era apenas a minha imaginação, muito menos deus. Ele era a própria morte, que por não conseguir me pegar todo esses anos, começou a me perseguir pessoalmente.

Consegui ver sua risada, mesmo no escuro. E logo percebi, que havia um segundo túnel. Já estava quase de noite, e eu tinha duas opções: ficar ali mesmo, parado entre a saída do 1º túnel e a entrada do 2º, e esperar aquele monstro me pegar, e acabar com minha caminhada, ou simplesmente, correr o máximo possível no meio daquela escuridão.


Era o jeito. Mais como eu faria isso? Minhas esperanças e minha fé não superavam o medo de entrar lá e morrer. Mesmo assim.. eu comecei a correr.

Não se passaram alguns segundos, e consegui ouvir passos correndo atrás de mim. Era aquela besta maldita novamente, que agora cavalgava pelo túnel, os ecos eram assustadores. Fechei meus olhos, e lembrei de minha mãe, pedi para ela a sua proteção, mesmo não acreditando nisso..

quando me dei por si, já havia atravessado o 2º túnel. Porem, para minha surpresa, havia um 3º. Já estava de noite, e eu ainda conseguia escutar os ecos da cavalgada se aproximando. Não tive muito tempo de pensar, porem, agora eu sabia o que teria que fazer, se não fosse isso, a morte iria me alcançar.

Antes de entrar no 3º túnel, olhei para cima, e disse pela primeira vez, “Deus, se tu existe, me ajude nessa caminhada!”.

O que era simplesmente impossível para mim acontecer um dia, aconteceu ali, e agora, impulsionado pelo medo da morte. Eu sabia que minha logica não iria me levar a lugar nenhum, e por isso mesmo, recorri a forças que nem eu mesmo conhecia. Porem, passei a aceitar.

Entrei no 3º túnel, falando baixinho “Deus me guarde, Deus me guarde!”, e assim caminhei aquele longo trajeto quase sem fim. As cavalgadas pararam. Os gritos pararam, os gemidos pararam. Tudo que eu conseguia escutar, era o barulho do sol esquentando o asfalto.

Sai daquele túnel, e me dei conta, de que já estava de dia, olhei em me relógio, e percebi que aquela mesma hora que eu entrei no 1° túnel, é a mesma hora de agora.. e o pior, é que ele marca que já estou no dia 29. como isso é possível, se ao entrar no 3º túnel ainda era de noite?


Tudo que sei, é que algo muito estranho aconteceu hoje, comigo!
Pode ser que eu já esteja delirando ou louco de vez.
Mais mesmo assim, acho que comecei a acreditar em Deus.
Porque, se eu não estou louco, então foi ele que fez isso tudo acontecer!


Mesmo ainda sendo de dia, vou dormir, para poder caminhar de noite.
Pelo que estou vendo, estou a menos de 2 dias de caminhada até santos.
Talvez dia 31 eu chegue lá.


Enfim, continuo caminhando rumo a santos. Com a ajuda de meu novo amigo, Deus.

[ 28 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 11”

Fazem 9 meses e 27 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.



Como eu havia previsto.
Cheguei até a fonte da fumaça.



E para minha surpresa, era um carro, em perfeito estado, porem estava queimando lentamente. Estava a poucos metros da estrada principal, já na descida de um barranco, que o plano de fundo era simplesmente todo o litoral.

Chocado a uma grande arvore, creio que quem dirigia aquele carro perdeu a direção. Habilmente, fui examinando tudo ali dentro, fui logo procurando por sobreviventes, se é que havia.


Nada.
Nem sobreviventes, muito menos ossos.


Naquele momento, voltei para a estrada me afastando do carro, colocando as duas mãos na cabeça e pude analisar melhor cena, agora que eu não estava mais tão ansioso. Simplesmente, aquele carro, estava pegando fogo no meio do nada. Achei que era minha imaginação, tratei de voltar lá e fazer um teste colocando minha mão no fogo, e me queimei, para minha satisfação.


Não havia Hipóteses para se pensar. Um carro novo, queimando no meio do nada, é inexplicável. Ou melhor, foi nesta hora, que percebi que alguem estava dirigindo ele recentemente. Comecei a pensar, e Juntei os fatos, da fogueira que encontrei ontem, da latinha de ervilha no meio da estrada, dos tiros que escutei outro dia, das flores em cima dos ossos das crianças no banheiro da escola... e agora isso!


Conclui, que novamente, eu estava seguindo alguem.
E que agora era real.


E eu sei, que essa pessoa, sabe que eu estou lhe seguindo, caso contrario não deixaria tantos rastros para trás. Minha fé hoje foi recompensada. Finalmente coloquei minha cabeça no lugar. Não estou mais sozinho! É bom pensar nessa possibilidade.


Como não achei corpos, muito menos sinas de sangue, acredito que seja lá quem fosse que estava dirigindo, está bem. Ou, em piores hipóteses, rolou abaixo pelo barranco.


Depois de algumas horas ali parado, decidi voltar a minha caminhada.
Que agora, olhando para a direita, já conseguia ver a baixada santista, que era simplesmente linda. Caminhei devagar, procurando algo na estrada, algum tipo de sinal, um grão de arroz que fosse, ou ate mesmo outra latinha de ervilha. Para que eu pudesse ter certeza realmente, de que eu não estava só. A cada minuto que passava, a cada passo que eu dava, a sensação de que a pior hipótese havia acontecido ia crescendo dentro de mim, minha face já estava seria novamente.


O sol não estava perdoando, hoje foi o dia mais quente, desde que eu me lembro. O que ativou minha memoria corrompida para trabalhar contra mim mesmo. Antes de chegar em um túnel, ouvi de lá de dentro gritos e gemidos. Com certeza era de infectados. Naquela hora, motivado a encontrar o possível sobrevivente, me joguei aos meus primeiros passos naquele túnel, mais logo voltei para trás. Medo.


Não iria atravessa-lo sem antes escrever aqui a situação que vivo agora. Estou sentando diante do túnel, com a camiseta amarrada na cabeça, sentado no chão com as pernas cruzadas. E escrevendo. Olho diante desse túnel, e vejo que sera meu teste, dentre tantos, esse com certeza será o pior!


Nessa escuridão, sei que ficarei vulnerável a minha imaginação, isso realmente me preocupa, pois agora será somente eu e ela.


Enfim, se eu não escrever mais em nenhuma das paginas deste diário, espero que alguem esteja lendo isto tudo. E que fique bem claro, que eu não consegui completar minha jornada, mais eu tentei.

_
Continuo seguindo para santos, rumo a minha nova casa. Guiado apenas pelo julgamento do meu coração, Perturbado pela minha fraca imaginação!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

[ 27 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 10”

Fazem 9 meses e 26 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.


Como eu tinha escrito ontem, continuei minha caminhada logo depois que escureceu, Já que percebi que os infectados também caminhão sob a luz do dia, eu não estaria salvo de nenhum jeito.

Apesar que agora eu não estava mais na zona urbana, a cada passo que eu dava, era um prédio que desaparecia no horizonte. Horrível? Nem tanto. Era isso que eu queria. Agora eu estava determinado a chegar a santos, e ser evacuado como os outros errantes, que só encontraram o caminho agora.

Ainda ontem, antes que as trevas reinasse, como no ciclo normal das coisas, cheguei a um pedágio. Lá dentro, procurei o banheiro para fazer minhas necessidades, pois em outro lugar que não fosse um banheiro, eu não conseguiria. Ao entrar naquele banheiro, ainda limpo de certa forma, percebi um pequeno espelho na parede.


Comecei a observar a minha face no espelho, sem notar que algo estava estranho. Logo, percebi pelo reflexo do espelho que atrás de mim, encostado em uma das paredes, estava aquele velho de terno branco. Rapidamente olhei para trás, já mirando meu rifle que estava sempre atento. Nada, ele não estava mais lá, como já é de costume. Ainda me voltei para o corredor, para ter certeza que ele não tinha corrido, o que era impossível, e mesmo assim, ele não estava lá. Parado na porta do banheiro, tive certeza que ele não existia, que era apenas fruto da minha imaginação. Voltei para o espelho, e para minha surpresa, ele estava lá novamente.

- Porque esta assustado comigo? - Disse o velho de terno

- Porque.. você, você não existe! - respondi gaguejando para o reflexo do velho no pequeno espelho.

- Mais é claro que eu existo, vire-se para trás, e verás que sou de verdade. - disse novamente o velho já com os braços abertos, como se fosse me dar um abraço.


Logo, fechei meus olhos. Meus braços que seguravam aquela pia, começaram a tremer, já não conseguia sentir mais as minhas pernas. aos poucos, fui me virando, logo que completei aquele lento giro de 180º graus, abri novamente meus olhos...


Realmente, ele não estava lá.
Fui caminhando lentamente até a parede que o vi, e comecei a procurar por algo, que nem eu mesmo sabia o que era. Logo, a luz começou a desaparecer daquele banheiro, era o sol. Percebi que tudo foi fruto da minha imaginação. Como sempre.


Sai daquele pedágio, sem medo. Pois agora eu estava disposto a enfrentar até a minha própria e sombria imaginação fértil, que por motivos desconhecidos, não estava nem um pouco afim de me ajudar. Percebi que agora eu tinha que abrir mão da minha maior arma para não me sentir tão sozinho, a imaginação. Caminhei por horas, e quando eu achei que não dava mais por causa da escuridão, a lua ,como salvadora, apareceu no céu. Linda, cheia, iluminou meu caminho durante a noite.


Alem de ser minha companheira naquela noite fria, me fez perceber que minha imaginação só estava me confundido diante dos meus novos objetivos. E percebi que diante de todos os fatos, era melhor começar a confundi-la também, ignorar os fatos seria o primeiro passo. Mais mesmo assim, não poderia duvidar de meus olhos. Pois são eles que me dizem o que é real. Se eu os ignorar, por estar ignorando minha própria imaginação, poderia pagar com a vida, que agora eu tanto estimava.


Era um dilema complicado. “Ignorar o que vejo, para não ficar louco. Ou confiar no que vejo, e continuar sofrendo pelas inconseqüentes visões, frutos de minha imaginação.” só havia uma saída. A qual eu nunca tinha recorrido antes. Começar a sentir as coisas de forma diferente, logo, antes de tomar qualquer decisão, eu começaria a enxergar com o coração, e não mais os fatos que se misturavam em real e irreal.


“Enxergar com o coração?”
Se fosse em outros tempos, eu diria que era loucura..
Coração não passa de um orgão do corpo humano, que bombeia sangue para todo o corpo. Por ironia do destino, agora virou meus olhos, Eu tinha que confiar nele, ou ficava louco de vez! Se já não estava...


Pela manhã, cheguei a um posto. Uma muro delicado com azulejos ornados me chamaram a atenção, pois de alguma forma eu conhecia aquilo. A imagem estampada era de alguns homens, que subiam por uma trilha. Logo ignorei. Já varado pela fome, decidi entrar e procurar algo para comer. Antes disso, olhei ao horizonte atrás, e já não via mais a grande cidade, somente uma estrada. Eu também estava mais perto daquela fumaça, que pelo jeito era bem real, porem ainda não dava para ver de onde vinha, só o seu longo corpo preto que cortava o céu verticalmente.


Ao entrar no restaurante daquele posto, percebi uma cena que me chamou muito atenção, havia uma pequena faqueira montada ali, a lenha estava quente, com algumas fagulhas ainda por baixo. Fechei os olhos para poder ter certeza que aquilo não era visão minha. E por minutos, eu fiquei parado ali, fechando e abrindo os olhos. E para minha surpresa, em todas as vezes que eu abria-os novamente, aquela fogueira estava lá.


Ainda assutado e descrente com aquilo, peguei meu rifle, e comecei a chamar pelo velho de terno branco. Aproveitei essa situação, para procurar por mantimentos ali dentro.


Achei algo para comer, por mais que esteja fora da validade, sei que meu sofrimento já esta acabando, em breve, estarei em uma nova casa, de banho tomado, comendo algo fresco. Minha maior vontade, é comer uma pizza. Dentro de são paulo eu sempre via nos anúncios dos jornais velhos “Disk Pizza”, ou “Pizzaria”. Devia ser algo muito bom, pois em todas as partes que eu passei, tinha essas anúncios dessa tal de pizza. Uma vez eu achei um livro de culinária, e lá tinha uma foto de uma pizza de queijo e presunto, Não sei o que são, mais a foto foi muito intuitiva a respeito.


Logo, percebi que o sol já estava se pondo novamente. Mesmo com sono, vou continuar a caminhar esta noite também, nesse ritmo, amanha de manha tenho certeza que chegarei na fonte da coluna de fumaça.


_
Enfim, Continuo seguindo em direção a santos. Agora, guiado pelo meu coração, tentando me livrar dos fatos criados pela minha imaginação.

domingo, 15 de junho de 2008

[ 26 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 9”

Fazem 9 meses e 25 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.




Qual o sentido da vida?
Se há algum sentido nela, tem um objetivo a se perseguir.
Qual o meu objetivo?



Hoje de manhã, enquanto esquentava a agua para coar o café, minha mente viaja na possível resposta dessa pergunta. Sem sentido, sem objetivo, sem esperança, sem fé. Sem Deus.

Ultimamente me sinto tão abandonado, que até minha mente está me deixando. Estou sujo, não tomo banho a dias. Me sinto ameaçado pela minha própria imaginação, que ao me defender da solidão, me alimenta com visões falsas. Meus sentidos são cúmplices dela. Todos estão me engando.


Hoje, percebi que cheguei a um estado tão deplorável, que mesmo escrevendo neste diário, e treinando minha singela escrita, eu esqueci meu próprio nome. Tenho mais certeza a cada dia que passa, que aos poucos eu estou morrendo.
Estou virando um zumbi.


Em um ataque de panico, ali do lado daquela fogueira, derrubei a panela de agua quente, que veio a espirar no meu braço. Indescritível a dor, porem mais indescritível ainda, foi ver ele ali, na minha frente.

Era um homem com um terno branco. Cabelo branco, liso. Os olhos eram castanhos claros, ele estava agachado, na minha frente. Não era um infectado. Diante de sua presença fiquei intacto, Parado. Minutos se passaram e a única coisa que se escutava era o solo constante das cigarras com um ténue tenor dos sapos. Foi terrível a sensação. Ele me encarava de forma que me fazia me arrepender de estar ali, como se aquele lugar fosse dele. Olhar tão frio, que logo senti novamente o medo da noite que escutei os sons do inferno.


Ele levantou, lentamente, e me disse com um ar irônico:
"- Eu sei quem é você! "

Logo sem reagir ao que ele disse, aquela dor no meu braço pulsou, e eu gritei de dor.

Olhei para meu braço, e disse que havia me queimado, e perguntei se ele tinha algum remédio. Foi ai, que percebi que ele não estava mais lá. O procurei rapidamente com gestos rápidos da cabeça, porem, sem sucesso. Logo, ainda sem intender o que estava acontecendo, percebi que aquela panela estava no fogo, e que a agua ainda estava ali dentro, borbulhando. Olhei novamente para meu braço, e não havia mais queimadura. Gritei novamente, agora de espanto! Loucura.


O que estava acontecendo comigo? Quem era ele? Quem sou eu?

Não esperei mais! aquele viaduto de certo era amaldiçoado, aquele lugar todo era. Peguei minha mochila, e deixei tudo como estava, a agua no fogo, meu pequeno cobertor no chão...
Sai correndo, mancando de dor.


Depois de me afastar o suficiente para não conseguir ver mais o viaduto, percebi que tinha saído da área urbana da cidade, pelo menos agora havia poucas casas, espalhadas entre a mata. Decidi entrar em uma, para me alimentar. Ao chegar em algo que me lembrava uma cozinha, percebi que estava andando normalmente, que não havia nada na minha perna, ou no meu pé, que me fizesse sentir dor.

Após sentar no chão, obtive minhas poucas horas de sanidade do dia. Horas de paz. E refletindo, agora tenho certeza, que estou louco!


Percebi que agora preciso me ajudar. Já que os passarinhos não me guiam mais, muito menos as nuvens, que desapareceram do céu.
Cheguei a um ponto, que preciso acreditar em algo, se quiser me manter vivo, como me mantive nos últimos 9 meses. Decidi, que caminharei para santos, seja o que for que tem lá, os outros sobreviventes estavam indo para lá. Talvez tenha uma colonia de sobreviventes, ou senão, estão embarcando todos os sobreviventes deste continente, e levando para outro. É isso, os outros continentes se recuperaram, e agora estão vindo nos resgatar. Tudo ficou claro para mim.


Voltei para a estrada, e antes que pudesse escurecer, parei um pouco, para escrever aqui. Estou sentado em um sofá velho, atrás de mim, dá para ver os prédios do centro da cidade bem pequenos. E na minha frente, a algo que me chama a atenção, uma coluna de fumaça se levanta por detrás da serra, logo no que eu acho que seja o inicio da descida para santos. O que me intriga muito. vou aproveitar essa minha coragem e determinação, para mesmo de noite seguir viajem. Quero sair logo desse inferno.


_
Enfim, continuo seguindo rumo a santos. Seja o que for que tem lá, sei que tem alguem me esperando.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

[ 25 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 8"

Fazem 9 meses e 24 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.


Mais um dia.
Mais uma certeza.


“ Porque ainda não morri? “
Hoje meu dia foi cercado por essa pergunta impertinente.

Hoje eu acordei com raiva. Raiva da vida que levo neste inferno, raiva do jeito que me sinto tratado pelo Deus que minha mãe tanto defendeu.

Ele não existe. Agora, eu tenho certeza.
A logica deste lugar, me faz desacreditar em todas as crenças, na esperança, na alegria, na fé, no amor.

Como ter esperança, se meu único objetivo foi tirado a 9 meses atrás? Com ter alegria, se vivo de comer lixo e dormir em meio a ossos de pessoas inocentes? Como ter fé, se não acredito nem em mim mesmo?


Como amar? se sou o ultimo...
Hoje, em pleno meio dia, me peguei dizendo estas coisas, para uma latinha de ervilha que achei no meio da estrada. Eu estava sentado, conversando, abrindo meu coração, para uma simples e metálica, enferrujada latinha de ervilha velha.


Acho que me identifiquei com ela, pois ela estava vazia, assim como eu.
Me espelhando nela, ali parada, sem utilidade, Percebi que minha presença naquele local, era meramente uma brincadeira sem graça do destino.


Me levantei, sacudi o pó, chutei a latinha para longe, e resmungando segui meu rumo, pela estrada. Até hoje, eu achei que os Infectados só caminhavam de noite...
porem foi só até hoje.

Chegando a um determinado ponto daquela pista, me deparei com um amontoado de carros parados, abandonados, claro. Talvez, fosse um congestionamento, que se formou ao avacuarem a cidade, porem, nunca chegaram a sair dali.


Eu sabia, que se passasse no meio daquele monte de ferro velho, veria os esqueletos das pessoas que talvez não conseguiram sair do interior de seus carros, diante da correria no dia da evacuação.

Era uma escolha simples, porem sabia que ia mexer comigo.
Optei passar mesmo assim, porem, em uma breve pausa, olhei para cima, e em tom de ira e desapontamento, ja tomando folêgo, gritei “Droga!”.


Foi meu desejo. Foi meu erro.
De dentro de um caminhão baú que estava atrás de mim, dois infectados acordaram com o som de meu grito. Foi de imediato, eles começaram a correr atrás de mim, dentre aqueles carros..

Eu não sabia, se me virava para atirar neles, ou se me espantava com o fato de eles estarem caminhando diante da luz do dia.
Corri mais de 150 metros, e por poucos minutos, consegui despistados em uma pequena curva.


Foi o suficiente para eu carregar aquele rifle, e disparar contra os dois, lentamente, friamente. Ainda ali em posição, com aquela arma diante de meu rosto, mirando em direção aos dois corpos mortos jogados no chão, eu esperei que o silencio me trouxesse a certeza que eu estava só novamente. Nesse tempo. Ainda respirando aquele leve cheiro de pólvora que se espalhou no ar, eu percebi que no começo do meu dia, eu não achava objetivo que me desse vontade de continuar a viver.. e agora, eu estava me defendendo da propria morte. Abaixei aquela arma. E agora perplexo com o fato de que eles também andam sobre a luz do dia, eu me perguntava o porque achava que só andavam de noite?

Talvez porque eles me lembram a morte, e a noite as trevas.
Mais isso não fazia sentido, eu deveria saber de alguma forma, mais não encontrei resposta até agora.


O destino estava me pregando pesas. Estou magro, e quase sem forças de continuar caminhando.
Hoje cheguei a um grande lago. Estou escrevendo debaixo de um viaduto, vendo o sol se por, que com um lindo reflexo de pureza, me lembrou minha mãe, que morreu a 9 messes atrás. Chorei novamente, de saudade, de dor.


Porem, mesmo assim, parei para analisar tudo que fiz hoje. Mesmo sabendo que estou sendo infectado pela loucura, tenho que botar minha cabeça no lugar.
Consegui enxergar, algo que hoje me passou despercebido de certa forma.


"O que aquela latinha de ervilha estava fazendo no meio daquela estrada?"



Enfim. Estou sem capacidade mental para cogitar nas varias hipóteses agora.
Vou dormir, pelo menos isso eu tenho certeza do que faço.

_
Continuo seguindo pela estrada, pelos confins de diadema rumo a santos. Guiado por minha insanidade que me conduz para longe do meu passado.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

[ 24 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 7”

Fazem 9 meses e 23 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.


Hoje acordei cedo. Não queria mais perder nenhum minuto do dia, agora que eu já sabia que não estava só. Talvez, fosse questão de horas para eu encontrar o autor dos disparos.

Pela tarde, debaixo de um sol ardente, que fazia estralar a sola de meu tênis ao chão, caminhei durante horas. Hoje Ironicamente não havia nuvem alguma ao céu, muito menos um coelho para cruzar meu caminho nem passarinhos para me guiar. Mesmo embebedado pelo calor escaldante, Mantive um ritmo constante, mesmo errando alguns passos. foi o suficiente para que eu chegasse até debaixo de outro viaduto. A sombra.

Não foi a falta de agua, ou a falta de comida, que me espantaram hoje. E sim que, ao olhar No horizonte, perto da curva daquela estrada, algo se aproximava de mim. apesar de estar bem longe, era visível sua forma humana, tudo que eu conseguia ver, era sua singela silhueta. Logo aprontei e apontei meu rifle para aquela imagem que invés de andar, flutuava! O suor cruzava meu rosto, minha barriga roncava, e meus pés tremiam. Era efeito de um longo dia de caminhada, mesclado à fome, e ao medo de talvez estar louco.

Não superei minha ansiedade, e logo deixei minha mochila no chão, e fui ao encontro daquela alma que se aproximava. Ainda com meu rifle apontado em direção ao horizonte, eu gritava para que seja quem fosse, gritasse de volta. Eu queria acreditar que fosse alguem, mais o silencio daquele momento, não deixava..

Ao tropeçar em uma pedra, cai no chão, me machuquei.
Aquela imagem desapareceu ao vento.

Tudo não passou do efeito do sol,que ao refletir no asfalto revestido de pinche, criava bolhas de ar quente, que perturbavam minha frágil imaginação! Visão, Delírio!

E ali no chão, estendido, jogado as traças, tive certeza que mais do que nunca, eu estava sozinho, e se isso não bastasse, também estava louco.

Peguei minhas coisas, e continue caminhando. Antes que o sol caísse, encontrei um antigo mercado beirando aquela estrada, e ali decidi passar a noite. Antes de entrar, era notável uma enorme placa em frente ao mercado, que indicava à estrada, escrito “Baixada Santista “. então entendi que aquela estrava estava me levando para santos. Santos? Não poderia ser, não pode ser! Eu já nem podia mais confiar nos meus próprios olhos, depois da cena de hoje a tarde! Achei besteira.



Vasculhando aquele mercado, achei algumas vidros de conservas e algumas bolachas. Mesmo não sendo o suficiente e estando fora da validade, era o que eu tinha para comer entre outras coisas, ou era isso, ou nada. A idéia de não acordar por estar morto de fome, não me fascinava.

Percebi também, que na minha profunda solidão, ali dentro daquele mercado sentado em uma caixa, enquanto cuidava dos meus ferimentos, eu conversava com meu rifle, apoiado nas minhas pernas. Após contar todo meu dia para ele, parei diante do silencio que me denunciava mais uma vez, louco.

Chorei de raiva, por perceber que as coisas estavam fora do meu controle.
Involuntárias.

Insatisfeito, depois disso, pequei este pequeno diário, e aqui estou, escrevendo mais um dia de minha jornada neste inferno. Minha esperança em encontrar alguem esta novamente por um fio. E, pior que isso, é o medo crescente que sinto, de que minhas memorias aqui relatadas, fiquem esquecidas no tempo.

Para quem eu escrevo, se sou o ultimo ser humano?


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Enfim, continuo seguindo pela estrada, pelos confins de diadema. Guiado por minha insanidade que me conduz para longe do meu passado.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

[ 23 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 6”

Fazem 9 meses e 22 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.

Faziam 9 meses e 22 dias que não acreditava mais em Deus..
porem, hoje isso começou a mudar!



Pela manhã, acordei ao som dos pássaros que se amontoavam dentro de um antigo banheiro da escola, perto da sala que dormi esta noite.

Mais irritante que os sons de seus bicos batendo no chão, era meu estomago roncando, sedento, fome!.. com os acontecimentos dos últimos dia, esqueci de caçar, e passei a me alimentar somente de frutas que em sumo era fácil encontrar em meio a cidade abandonada. Eu precisava de carne, e ao levantar de meu lugar, foi o que decidi, que hoje ia caçar, e assim sai já munido com meu rifle em mãos.. Porem, antes que eu fosse embora daquele colégio, os sons frenéticos das bicadas ao chão despertaram minha curiosidade. Não foram mais de 5 minutos que havia começado o meu dia, e ao entrar naquele banheiro, vi o que fez minha alma se deleitar em agonia e Automaticamente, meu rifle caio no chão, e com o barulho espantou todos os pássaros, o que tornou mais clara a visão que eu não deveria ter presenciado. Um pequeno cemitério de ossos forrava o chão daquele pequeno banheiro, e logo me ficou claro onde as crianças daquele colégio foram levadas durante a evacuação, terrível.


Mais mesmo assim, isso não explicava o porque que os pássaros estavam bicando o chão, mesmo perplexo e já sem meu rifle, me fez perceber que o chão estava forrado com flores, um tipo que tem uma semente em sua extremidade, estavam jogadas sobre os ossos.. pela quantidade de pássaros e de sementes, conclui que aquilo era tão recente, quanto a minha própria presença naquele local.. foi nessa hora, que meu dia começou a mostrar que hoje seria diferente, assim como alertou meu coração ontem. Quem colocou aquelas sementes em cima daqueles ossos?

Ainda pensativo e meio desorientado, peguei o rumo da saída, ao encontro da estrada. Já em asfalto, a primeira coisa que fiz foi olhar para cima, e logo tive minha segunda surpresa. hoje o céu tinha apenas uma nuvem, e ela estava fazendo sombra justamente onde eu estava. Uma sensação muito estranha. Logo, aquela nuvem começou a se mover, devido a força do vento, rumo em direção oposta ao centro da cidade, mais uma vez, tudo estava me afastando de voltar para casa. Talvez, eu que por pressão do medo de morrer, estivesse concentrando em achar respostas na força da natureza, no acaso.


Eu estava completamente paranóico, ou simplesmente o destino estava planejando algo para mim.

Comecei minha caminhada pela longa estrada, debaixo daquela sombra fornecida pela nuvem solitária. Por horas, fomos só eu e esta nuvem, que por mais de 10 km em meio aquelas construções, foi minha companheira.


Ao passar por debaixo de um viaduto, a nuvem desapareceu. Novamente, percebi que estava sozinho, com fome, e talvez louco. Talvez aquela nuvem nunca existiu e tinha sido tudo fruto da minha pequena imaginação perturbada.
Parei! e logo que olhei para frente novamente, avistei a menos de 5 metros, um coelho que cruzava meu caminho como se não quisesse nada! o pequeno foi alvejado imediatamente e involuntariamente por meu rifle, foi reflexo de meus braços, minhas maos, que já não me obedeciam mais, era a fome! eu tinha me esquecido. Eu mesmo assustei com o disparo. Mais não foi em vão, veio a calhar..


E foi nessa hora, que tudo começou a ficar mais confuso ainda.

Ainda com poucos passos até minha caça, de longe ecoou o que eu não tinha imaginado ouvir mais, não de mim. Um disparo de uma arma, e não era a minha.
Fiquei atônito. Sem reação.
Estava quase tendo certeza que eu estava completamente paranóico, se não fosse os seguintes disparos para me dizer que não!

A cada disparo, um eco!
A cada eco, uma razão diferente para continuar a viver...


Assim como o meu disparo, involuntário, pulei e gritei bem alto:
- Estou vivo!..

Era claro que eu estava, mais a alegria foi tanta, que eu nem pensei no que dizer, só queria expressar que eu estava ali, para que seja quem fosse, não me abandonasse mais.. minha alegria não durou muito, foi abafada pelo devastador silencio que tomou o momento.. mais não estava tudo perdido! eu tinha certeza do que tinha ouvido. Eu acho..


Amanha saberei, se tudo foi minha imaginação ou não..
pois o coelho era bem real!
vou passar a noite debaixo desse viaduto.

_
Enfim, agora sigo o som dos disparos, rumo aos confins de diadema.

terça-feira, 10 de junho de 2008

[ 22 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 5”

Fazem 9 meses e 21 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.




Devido ao cansaço, Consegui dormir esta noite.
O necessário para acabar com a insonia.. porem, mesmo assim não consegui esquecer de ontem..


Pela manhã, comendo uma singela maçã que peguei em meio a selva na cidade, me recordava dos rostos que eu não tive a oportunidade de conhecer. Lastimável o que aconteceu lá, imperdoável. Eu não acreditava em Deus, porem nesses últimos dias, até havia passado em cogitar em sua existência..

Mais agora eu tenho certeza, que Deus não existe mais!
pelo menos não para mim, estou abandonado. Esquecido durante o dia, e assombrado durante a noite.

Minha vida, já não faz mais tanto sentido, como ontem de manhã..


Por volta das 10 horas da manhã, sai para caçar meu almoço, apesar de não saber nem onde eu estava, ao horizonte eu conseguia ver os prédios do centro da cidade. Visão que para mim me confortava.. porem, meu único problema agora era conseguir chegar até lá, pois por onde eu vim já não era mais possível voltar. E se perder naquela gigantesca cidade era mais fácil do que eu imaginava.


Antes que me desse fome, ainda com meu rifle na mão, percebi que só tinha 2 escolhas, descartando a de voltar por dentro das favelas até o centro e me perder, me meter em mais uma enrascada. A primeira opção era voltar seguindo a estrada, até o centro, e ter que passar ao lado daquele galpão maldito. Ou, seguir a estrada em diante, rumo ao sul, rumo ao desconhecido.

Mais um dilema plainava sobre minha cabeça. Para mim, era a escolha entre voltar para casa e enfrentar o passado, ou sair de casa e sofrer as conseqüências no futuro. Enfim, já não fazia tanta diferença, a solidão iria me seguir e me assolar do mesmo jeito.. era apenas questão de tempo.


Olhando para cima, como se os céus fossem minha resposta, observei para onde o vento estava levando as nuvens.

Minha mãe me dizia, que se alguma vez eu me perdesse na vida, era só eu observar as nuvens que eram carregadas pelo vento, pois seria aquele rumo que me levaria para a verdade. Quando tive a oportunidade de perguntar para ela, o porque dessa comparação, ela me disse que era porque as nuvens eram puras e leves, e se o meu desejo fosse puro e verdadeiro, o vento me levaria até o objetivo de meu coração...

nunca acreditei nisso.
Mais, ali estava, precisando de uma resposta, porque não tentar ser uma nuvem? E lá estavam.. paradas. Intactas..


para minha infelicidade, não teve vento hoje.
Porem, como se não basta-se mais tanto besteirol, percebi que uma ave grande estava rumando para o sudoeste, e logo atrás, outra ave.

Eu precisava de uma resposta, e o destino me deu uma, o sudoeste, e como se não bastasse, agora tinha que interpretar o que significava aquelas duas aves, se eu estava só.
Enfim.. antes que o sol alcançasse seu ponto mais alto no céu, optei por sair de casa, e arcar com as conseqüências.

Agora, já no final da tarde, achei uma escola beirando esta estrada, pelos balanços e escorregadores, conclui que era um parquinho. A principio fiquei com medo de entrar, pois anteriormente os lugares que mais tinham esqueletos e infectados era nas escolas, pois são lugares grandes... e a ultima coisa que eu precisava ver agora era ossos de criancinhas, isso iria me dilacerar por dentro..
Mais mesmo assim, tive que entrar, a noite estava caindo, as sombras se aproximavam e eu não tinha lugar para ficar, sem falar na fome...


E aqui estou, sentado na cadeira do professor, olhando mais de 50 cadeiras vazias, que mais me lembra uma plateia que me observa, do que alunos a qual eu ensino.


Talvez eles me expliquem amanha, o que os dois pássaros queriam me dizer..
Mas, Do fundo do meu coração, sinto que amanha será um dia cheio de surpresas.



_
Enfim, Sigo os pássaros no céu pelos confins de Diadema, rumo ao desconhecido. Fugindo de meu passado...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

[ 21 de Setembro de 2058 ] - “Capitulo 4”

Fazem 9 meses e 20 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.



Eu queria uma noite calma, e foi o que eu obtive.

Mesmo assim, o Silencio Celestial desta noite foi tão assustador quanto o Barulho Infernal de ontem de madrugada. É indescritível, o Medo junto a ansiedade.


Pela manhã, recolhendo minhas coisas, percebi que está noite cometi uma imprudência gigantesca, me deixando levar pelo sono e pelo medo, ontem acabei dormindo ao lado de uma fonte suculenta e fedorenta de alimento para animais e Infectados. Acabei dormindo sem querer, ao lado de um infectado morto, o que estava debaixo da lona.


Ao levantar a lona outra vez, me assustei com o fato. Não de estar observando um corpo que em estado normal já está em decomposição, porem com o fato de que eu ainda estava vivo, apesar de minha irresponsabilidade!


Como minha mãe dizia, “Milagres Acontecem!”
mais como eu não acredito em milagres, então foi pura sorte!


Sorte essa a minha, que não durou mais que 15 minutos sobre a pressão de estar voltando a realidade, de cogitar que o que eu estava seguindo já não existia mais, de que agora, eu estaria sozinho novamente. Foram poucos dias seguindo os rastros dos sobreviventes dentre a selva morta de concreto, porem, foi o suficiente para voltar a acreditar que eu não estava só!

Pela tarde, sob um sol escaldante, caminhei dentre o parque, que mais me lembrava a amazônia apesar de nunca tela visto pessoalmente, e enfim, a menos de 100 metros de mim, avistei um grande galpão abandonado. Meus sentidos latejavam e me diziam que, erá lá que eu encontraria a verdade! Que eu encontraria meu Objetivo!

Tudo que me separava era o que talvez um dia foi um estacionamento, hoje, um lindo clarão verde de capim alto. A cada passo até o galpão, em meio ao jardim verde que parecia infindável, meu coração batia cada veis mais rápido, descontrolado. Não sei expressar o que eu sentia na hora, os segundos se tornaram eternidades.


Ao entrar no galpão, logo na porta dos fundos, como um belo cartão de visitas, um infectado estraçalhado por tiros. Nessa etapa dos acontecimentos, eu já estava tão atordoado pelos meus desejos e sentimentos, que não tive reação nenhuma. Entrei, o cheiro de carniça só aumentava, a medida que eu ia seguindo pelo pequeno corredor forrado de infectados mortos.

Ao fim do corredor, vi o que de pior tinha imaginado.
Em volta a uma fogueira, que ainda estava acessa, haviam 3 barracas armadas. Nos lados, forrando o grande chão do galpão, muitos corpos entrelaçados de sangue, na qual consegui distinguir 11 como não-infectados.


Os 11 Sobreviventes que eu seguia. Mortos.
Fiquei paralisado.

Na minha frente, aos meus pés estava toda esperança que eu depositei durante dias. Meu objetivo se fragmentou em 11 indivíduos que eu não conhecia, e que quando tive a oportunidade de conhece-los, já haviam partido. Sentei em uma caixa, próximo a fogueira, e depois de longos minutos vermelhos, comecei a chorar desesperadamente. O que me consolou foi um infectado que saio correndo detrás de um carro abandonado de dentro do galpão, atrás de mim. Na hora, eu não sabia o que fazer, se me defendia, ou se me deixaria virar um alvo, para que assim eu aproveitasse a carona daqueles que estavam aos meus pés, jogados.

A decisão não foi minha. E sim dele, que a poucos metros de mim, cambaleou e caio desmaiado a minha frente. Percebi que alem de eu não ter me levantado da caixa, o infectado não era bem o que eu achei que fosse. Para minha surpresa, era um dos sobreviventes, já em estado de mutação pelas mordidas que avia levado.

Foi nessa hora, que percebi que seria questão de horas, para todos aqueles corpos recém infectados se tornarem no meu pior pesadelo. A partir daquele momento, segui uma estrada que passava em frente ao galpão. Sem pensar em nada. Percebi que é meu extinto sobreviver, não posso negar, e nem tentar fugir disso.


E só parei agora..
Encontrei um pequeno sobrado, e será aqui que passarei a noite.


Amanhã, saberei que rumo tomar...

domingo, 8 de junho de 2008

[ 20 de Setembro de 2058 ] - "Capitulo 3"

Fazem 9 meses e 19 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.


Não tive uma noite muito agradável, como esperava.

Eu achei que tinha me acostumado com o medo, crescer e viver em meio a uma cidade assombrada por mortos-vivos me fez acostumar com ele, para mim é um sentimento simples, como o da alegria, da tristeza, dor...


Porem, Nesta noite, senti novamente aquele frio que sobre lá debaixo da espinha até o bulbo. Frio, que me fez ficar paralisado, fosse de pensamento, fosse de ação, respiração!


Foi tudo por volta das 3:30 da madrugado, quando despertei novamente assustado com os sons dos tiros dos sobreviventes que estou seguindo. Pelo intervalo dos sons dos disparos, conclui que são mais de dois sobreviventes.

Pelo jeito, o acampamento deles foi atacado de noite por infectados, e ao se protegerem, cometeram a maior imprudência que talvez lhe custaram as próprias vidas, revidando com uma chuva de tiros denunciaram a sua posição para os outros infectados da região.


Para mim, pior do que ter tido que escutar a noite inteira, gemidos , gritos horripilantes desesperados integrados ao som sinfônico e frenético dos disparos das armas e não poder fazer nada, será talvez voltar a me acostumar com a idéia de que sou o único sobrevivente, e que agora, estou sem rumo novamente.

Espero que tenha sobrado alguem lá..


Pela manha, ainda atordoado com a insonia, caminhei lentamente me camuflando entre a vegetação alta, ao encontro do que de noite provavelmente foi o inferno na terra. Caminhei tão lentamente, que depois de 4 horas, por influencia do medo e do medo da decepção, percebi que não tinha me afastado o suficiente da Roda-gigante, a ponto de ainda conseguir ver a cabine que se tornou meu álibi esta noite.


No final da tarde, cheguei ao que me parece ser um pequeno armazém abandonado. Minha duvida sobre aquele local foi respondida ao ler uma pequena plaquinha na porta, que indicava “Parque estadual, Agua funda“,pelo menos agora sei que estou em Agua funda.

Finalmente, dentro do pequeno armazém, encontrei mais uma fogueira, ainda estava com a lenha quente. Em sua volta, algumas latas de mantimentos vencidos, e alguns frascos de tranqüilizantes recém utilizados.


Apesar do sangue no chão, e do corpo de um infectado que encontrei debaixo de uma lona amarela, este de longe não era o palco do inferno que ouvi de noite. Devido as capsulas de rifle que encontrei jogadas próximo a fogueira, conclui que foi dali que os sobreviventes fizeram os disparos que me fizeram acordar assustado ontem de manha.


Vou passar a noite aqui, aproveitar a lenha e torcer para que esta noite seja mais calma. Pois sei que amanha será um dia difícil.

Amanha saberei se minha esperança ainda vive, o que torna ainda mais pulsante minha ansiedade.



Enfim, Continuo Seguindo os Rastros dos Possíveis Sobreviventes, no Parque Estadual, rumo ao desconhecido.

sábado, 7 de junho de 2008

[ 19 de Setembro de 2058 ] - "Capitulo 2"

Fazem 9 meses e 18 dias que não vi mais nenhum sobrevivente.



Hoje, Acordei ao som dos disparos de um rifle.

Disparos ininterruptos, longínquos, percebi logo que seja quem fosse que disparou, estava atirando em algo ou em alguem. Com minha experiencia em sobrevivência, prevejo que o outro Sobrevivente que estou seguindo, foi atacado por Infectados. Agora tenho certeza do que estou seguindo, pois nunca vi um Não-infectados Usar um rifle! pelo menos Não até Hoje. Espero que ele ou ela, esteja bem. Vivo! Sinto falta do centro da cidade. cada dia que passa, percebo que estou me distanciando mais e mais do meu mundo, dos prédios sombrios. Bem que minha mãe sempre me disse que São Paulo era Enorme! Eu nasci e cresci dentro dela, e nunca á conheci! Não acho revoltante esse fato, pois sei que minha mãe não arriscaria minha vida para dar uma voltinha comigo em um cemitério gigante de mortos-vivos. Mais não posso deixar de negar que explorar o desconhecido me excita, muito...



Ontem eu achei que era loucura começar a escrever sobre mim, do que eu faço no dia a dia, neste pequeno diário. Porem percebi que loucura mesmo seria não me expressar mais, Sei que fiquei paranóico esses últimos meses, tanto que alguns dias atrás eu estava conversando com um manequim que encontrei em um shopping. afinal, são 9 Messes e 18 dias que não converso com nenhum ser Humano, e de repente começo a seguir rastros de um. Já nem sei mais o que falaria para ele. Ainda mais se for “ela”...



Passei o dia Procurando por suprimentos em meio a um antigo parque de diversões que encontrei. Consigo imaginar como que seria aquilo com milhares de pessoas. Por tudo que eu vi hoje, e ontem, desde que cheguei nessa área, percebi que ela foi evacuada as pressas, apesar da vegetação alta, consegui ver muitos carros batidos, sem falar nos esqueletos também, o lugar esta repleto. Fiquei mais de 15 minutos parado diante de uma bonequinha que encontrei jogada no chão, imaginando a cena, já que a poucos metros dali podia-se ver claramente restos de ossos de uma criança. É horrível. Por isso mesmo, creio que perdi meu dia. Meu rumo.



Mais a frente, encontrei uma roda-gigante. de todos os Brinquedos do parque que eu via nas fotos, sempre quis ter andado nela, olhar tudo lá de cima, parece limpo, ao menos, diferente de quando se vive aqui em baixo, vivendo das migalhas de uma civilização morta. O legado da Humanidade, para o Planeta.
Vou passar a noite aqui, dentro desta cabine da roda-gigante, que estou escrevendo agora. Não me parece muito seguro, mas já que nunca andei nela, ao menos posso falar um dia que já dormi em uma.



O dilema, é encontrar alguem para dizer alguma coisa...



Enfim, Continuo Seguindo os Rastros do Possível Sobrevivente rumo aos confins da periferia da grande São Paulo.